Me sinto.
Estou
No meio
Da multidão.
Meu corpo
O corpo da terra
O corpo do mundo.
Um só lugar.
-
Com as mãos voltadas
Pra cima
Sinto tocar-me
Como pegar-me mesmo
O vento.
Uma coisa não - coisa
Nada - tudo
O vento é como o tempo.
-
Enquanto passeio
A paisagem me afeta
O verde musgo
A água suja no rio
Mato onde não dá pra construir ainda
Mato onde alaga
Mato ocupado
Por bicho por gente
As calçadas finas.
Quebradiças
Tão sensíveis atualizações.
Picadas urbanas.
-
Eu retomando um lugar
Ressentindo sabores e
Esquecendo que era tão bom
Ter voz.
Escutar o pensamento respirar
no seio da madrugada.
A noite me nutre
De seu enigma amoroso.
Eu neste espelho denso
Onde as luzes
Da cidade
Da própria vida
No escuro
Seus brilhos
Me lembram
Você não está sozinho.