sexta-feira, junho 29, 2007

A forma da alma esboçada no espelho

Num quarto. Numa saída. Num refúgio. Numa vida. Numa vida.
A imagem que se reflete no espelho, talvez não seja minha. A desfiguração da minha visão me deixar ver só o que eu supostamente não quero. O que eu quero, não sei.
O reflexo ali, diante de mim mesmo, possivelmente seja eu. As analogias previstas diante do espelho não estão levando meu ego a nenhuma elevação narcisista. Meu ego por vontade própria é Narciso. Narciso por amor - próprio? Não. Narciso por cultura? Jamais. Narciso por quê? Porque sim, oras.

Mas a visão então ofuscada não é por culpa desse complexo já antigo e desgastado. É por culpa do objeto que se reflete no espelho. Eu.
A forma do corpo no espelho, não é a minha. A materialização da alma se fez instantânea no instante que senti a força do pensamento eclodir e exteriorizar-se sem medo algum. A alma se esboça pelo corpo em frente ao espelho. E já não se conhece mais o corpo, que muda constantemente.

Reconheço só a alma. Que sozinha tem sua única importância e função, que é comer e manter vivo o corpo para que não apodreça.
Depois de muitos erros de figuração, a alma dá um passo.
E o esboço no espelho deixa de existir. Avante, alma. Avante, corpo, que só não vive. Avante luz, que ilumina o caminho dos desalmados. Avante, escuridão, que escurece o brilho do alto ego. Abaixo, fome que estraçalha a alma. Abaixo, corpo que se auto-flagela em pensar.

Narciso, serás meu companheiro, enquanto na vida se fazer o vidro e o cristal. Será meu companheiro "esboçal" e tens em mim um corpo tranquilo e uma alma confusa. Espelho, tem em ti um ente mitológico, uma criatura que até hoje se afunda na própria vaidade. Tens um amigo que transmite a alma e que desconfigura a carne.
Pablo Picasso

terça-feira, junho 26, 2007

Atraso

Não vi nada que me causasse tanta impressão. O meu atraso não me levou a nenhum outro lugar. Meu encontro por acaso com outros, foi por acaso. Minha partida solitária, foi só. Meu dia recomeçara pra nada. Pra executar todas as operações rotineiras que fiz ontem e repito agora.
Algumas com prazer, outras por dever. Faço. Uma letra possessiva se repete nas linhas e entrelinhas do meu caminho ainda prevísivel, só não sei por quanto tempo. Ritmos distintos, trocas constantes, mudanças de setores. Tudo, tudo ao mesmo instante.

Meu último passo foi um presságio de inércia. Meu último suspiro expressou a espera; espera pelo término. Espera que chega ao seu segundo estágio, enquanto o tempo passa. Meu coração, meu vasto e solitário coração não está doendo, nem sentindo. Não me falta o que eu não quero. O que eu quero me falta, mas o material não é mais tão necessário como antes.

Um atraso que me conturbara muito. Dois minutos pra surgir nervosismo. Descontrole. Temor. Joelhos trêmulos e outras coisas mais.
Mas dois minutos me trouxeram o encontro do acaso, que não significou mais do que um encontro social. Uma parte do convívio.

Assim que fujo, me busco. Assim que busco, me encontro. Quando me encontro, me canso. Mas esse cansaço desproporcional mostra minha constante vida, que por si só, já basta.

segunda-feira, junho 25, 2007

Estou sem inspiração

Até que não sei o que escrever agora.
Mas talvez depois me venha alguma frase desencaixada à cabeça esperando por ordem e significado, que é o que mais nela importa.
Bem, pra falar a verdade, não escrevo nada que signifique algo pra alguém, a não ser pra eu mesmo. Não nasci conjugando os verbos ou falando certo, que nada, sempre escrevi errado. Nas minhas provas de português, o máximo que alcançara fora cinco pontos. Cinco pontos! O que são cinco pontos? É a vergonha, a grande vergonha pra um rapaz que tenta escrever alguma coisa. Uma grande frustração foi quando tirei zero. Mas não estou aqui pra falar disso. Estou aqui agora pra falar de inspiração, que é o que me falta há cinco dias.
Há cinco dias que a estrada se faz mais longa e que meus passos, por mais acelerados que sejam, parecem que não chegam nunca em lugar nenhum. Então que sejam bem vindos os fantasmas que virão, com certeza, encher a minha paciência durante as noites que vão se passar.
As ações disturbadas de outra hora, ficam pra agora. Pra aqui, já que o caderno às vezes me irrita. A caneta não quer funcionar quando quero escrever. Parece até que o Diabo chama nessas horas. Diabo...
Representação interessante para o que chamamos de mal. Diabo...
Deus... nome que não causa nenhuma impressão. Poucos prestam atenção quando se fala em Deus, mas quando se fala no Diabo, os olhares distantes querem chegar mais perto pra vez se o que assusta realmente repulsa. Ou apenas pra dizer que aquilo realmente não vale nada. São emoções falsas...

Se teu nome não estiver aqui depois, talvez foi porque não soubestes procurá-lo com a calma necessária. Até então, estava escrevendo um conto sobre um cavaleiro e uma donzela mas esses contos são tão babões que me irritam em muitas vezes. Acho que estes belos contos de amor eu deixo ao encargo de Shakespeare, onde quer que ele esteja. Escrever sobre a rotina fica com o Veríssimo. Escrever sobre outro mundo, por favor Tolkien, habilite-se. Mas escrever sobre o que eu quero, deixo aos meus cuidados. Escrever sobre minha falta de inspiração está me rendendo um monte de letras, que penso até em mudar o título. Mas isso não teria graça, porque foi por ele que eu comecei a escrever e a sair do desfecho desse artigo que nada diz.

Estou sem inspiração para o ensaio hoje. Hoje eu não quero planejar. Vou ficar aqui ouvindo a minha trilha sonora preferida, com minhas canções gritadas e dançantes que me fazem viajar por longos instantes.
E o dia segue- até quando, "só Deus sabe".

quinta-feira, junho 21, 2007

Olhar distante


Com o vitral fechado, sou iluminado pela luz externa e ambiente. A artificialidade, nesses casos, ainda não aprendeu e me agradar. De tanto criar, criar e criar, cai em esquecimento, cai e morre. E se não morrer é porque já foi esquecida há muito tempo.
Não consigo crer que o último do meu olhar distante se encerra em nada, se encerra em escrita arquivada, em pensamento frustrante, em idéia desconcertante.
Até o pensar está lamacento e pegajoso, mas não o quero assim. Mais flexibilidade seria necessário. Mas na minha atividade imaginária, não dá pra alcançar o término dos exercícios benéficos.
Estou conscinte de mim mesmo e de meu complexo de Peter Pan. Com o olhar distante, mas tão perto, fico matutando a respeito de onde encaixar a frase, o anúncio. Por fim, ele se repete. Isso me enfraquece por dentro.
Vou fazer fogo pra, sei lá, queimar neurônios porque a informação vaga que capto me irrita e na hora da busca aprofundada, algo acontece e me impede...

Minha personalidade talvez fique estampada no meu casaco verde que provém de morte, ou então nas teclas deste teclado, que aperto com uma paciência que soa a preguiça, quase inércia. Acho que nessa formulação toda de frases e palavras, acabo por me expressar dramaticamente, coisa que não quero. Se eu pudesse, iria rir o dia todo, mas só porque faz bem à saúde... Bem, mas que se dane minha saúde.

Vou voltar a ser distante no olhar para ver o que vem de lá pra cá, e daqui praí.

à Cláudia Iara Vetter

Não posso deixar de ser sincero agora que me veio a cabeça inspiração.



Com meus olhos e mãos, descobri o aconchego de tuas palavras. E elas me mostram um vasto campo de idéias, me modelam com o tempo, me altera com o nome, me leva ao nirvana...

Descobri com minhas mãos, que preciso de um esforço pra tirar a minha lama dos olhos e continuar ali, com vento frio secando eles a medida que o tempo passa e que me delício mais e mais...

Vi com meus olhos, a beleza estrutural de tua forma oculta por trás deste lugar. Vi a forma da palavra- no sentido figurado. Literalizei o que havia pra ser generalizado.

Toda vez que te leio, sinto teu toque lento, ingênuo e doce.

De uma sensibilidade tão plena e às vezes, de uma dor tão profunda. Que de tal, só se sai o amor.




Chega!

Chega de caos, o mundo chegou. A hora já foi, o mundo acabou!
Começa o inferno, colégio interno. O tempo se foi, o fim começou!
Termina a paz, reina a violência. Não dá mais pra aguentar a própria existência.
Explora o que há. Explora o que dá.
A ganância devora, o mundo chora.
Se chora, não vive. Se corroeu!
Morreeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeu!

quarta-feira, junho 20, 2007

Hoje nada domina

Hoje nada me pára!
Nem tuas mentiras, nem todas aquelas caras.
Hoje nada me trai!
Nem tua vizinha, nem o santo Pai.
Hoje nada me atinge!
Nem a estatueta, nem a esfinge.
Hoje nada me cria!
Nem Duchamp, nem nenhum outro dadaísta.
Hoje nada me canta!
Nem o rock com sua bela não-dança.
Hoje nada me escuta!
Nem eu, nem a chuva.

...

Hoje domina o agora do instante que se passou há algum tempo.

Estou elétrico

Estou elétrico, sinto o positivo na minha veia e o negativo na minha cabeça.
Não quero falar de metáforas, então vou falar aonde estou. Estou aqui. Aqui é fácil de enxergar, vejo tudo. Vejo tudo e não digo. Não digo pra não sentir. Não sinto por medo. Por medo sou covarde. Sou covarde por amor. Por amor eu mato. Eu mato o que for preciso. Preciso de coragem. Coragem é o que falta no coração do sincero. Sincero sou ao dizer isso. Isso que não me corrói. Não me corrói por que não uso códigos. Códigos são por demasiado complicados. Complicados são os olhos que me olham com indiferença. Indiferença essa que me faz bem. Bem esse que não me dói. Não me dói porque não deixei doer. Doer seria submissão demais. Demais pra uma alma só. Só com o tempo vou entender o que estou dizendo. Estou dizendo bobagens. Bobagens que não paro de repetir. De repetir no final e no começo. No começo não repete. Não repete no final. No final estou elétrico.

terça-feira, junho 19, 2007

Conto que não foi antes

Antes não pude contar, porque o sol estava me abraçando e aquilo ofuscava o brilho das palavras. A rima dançante da música ao fundo está me fazendo resgatar mais uma vez, o sentido das palavras e a desordem que elas sempre seguem. A seguir, talvez, virá um cachorro de oito patas e seis chifres, dizendo o que devemos ou não fazer. Logo atrás, um gato de olhos flamejantes, de um amarelo nunca visto antes, e com uma orelha por sobre a cabeça, orientando o cão no que dirá.

O abraço do sol realmente enlouquece, a música constante não me agradece. Os artistas não apertam minhas mãos e muitos menos agradecem. Muito pelo contrário, ficam fazendo barulho enquanto se aproveitam de um silêncio não existente.

Homens precisam de animais que sigam a mesma forma que eles. O conto que não foi antes, foi pro canto, pra que agora surja esse dizer maldito. Homens precisam de sol que os abrace, que os aqueça e que os conserve no calor que degrada. E não de mulheres que os matam durante o sexo às escuras. (Risos), (risos), (risos) são as únicas que sobram. Mulheres precisam de homens que sejam animais como elas. Para que se completem. Pronto! Problema resolvido. Somos animais e o sol não nos abraça; só nos aquece.

O conto que não foi antes, foi mal dito agora. Pra que talvez me seja bendito depois, na hora de rir um pouco de mim mesmo.

.ocuoL

Cais da solidão em abundância.
A vida e o destino jogados ao mar da esperança.
As fotos já não mais dizem nada.
A fala de quatro linhas está encerrada.

segunda-feira, junho 18, 2007

Hoje é poesia

Rimada em versinhos subliminares, tuas palavras hoje são poesia. Até as poucas falas e as gargalhadas sem motivo são poesia. Mas só hoje.

{Vou confundir a ordem das margens para que eu seja mais feliz enquanto a compreensão é demorada e tola. Farei de meu melhor personagem o pior dramaturgo}

A canção confusa acompanha teu ritmo frenético e irônico, que soa como poesia. Hoje é poesia, amanhã nostalgia.

{O poeta, nobre poeta, viajou pra longe, pra além da memória. Pra depois do arco-íris, pra não ser descoberto. O admirador, escrivão, sumiu pensando que o amigo tinha fugido em busca de novas inspirações.}


Te digo que posso ser agora o que não serei depois. Afirmo em público que não tenho nada a perder. A não ser que ganhei algo de alto valor e não sei ainda. A não ser que minha derradeira consciência esteja me castigando e eu não saiba. Mas isso só pode ser impossível.


Hoje eu vim falar de prontidão, de vigília e de paixão. Não quero saber de contos ou de confusão. Hoje a poesia é o remédio do coração. No desabrochar desse sorriso que estou vendo aqui dentro, sei o quanto me rendo diante de teu seio, aclamado e venerado seio de segurança, onde faço porto de espera, sem que seja seguro.

Pra falar a verdade, hoje era pra ser poesia.

{Amanhã, na busca, eu falo de contos, porque hoje ele falou de poesia}


Algo está me proibindo de ser poeta. Será a neurose? A saudade?


Algo não lhe faz poetiza. Será a verdade? A nostalgia?
Cansei de dizer que tu és hoje poesia.

sexta-feira, junho 15, 2007

Por acaso, no caso de nos toparmos...


Passeio de volta pra casa, todos fazem. Mas nem todos o fazem com prazer. Há tempos que o faço com gosto. Há tempos que tapiei as costas de outro e trouxe à tona a conversa sem entendimento e os assuntos constrangedores e de diferentes opiniões. E por acaso, no caso de nos toparmos denovo, finja que não me conhece, porque quero te perguntar mais uma vez tudo o que já havia dito em outrora.



Quero ver teus lábios se moverem e pensar, "Nossa, que jeito esquisito de se falar", e olhar pra tua face de desprezo em relação ao que lhe parece estranho e grotesco. Se por um acaso, nos não nos toparmos, meus contos futuros não tem mais razão de ser. Porque quando inspirado, escrevo mal. E quando mal escrevo, é porque bem te quero.

Te salvar no aconchego da minha personalidade, foi díficil. E ainda achamos estranho o mundo imperfeito em que habitamos.

As milhões de estrelas que pairam no céu durante as noites de poucas nuvens, não se comparam ao brilho de teus olhos quando vejo teu semblante feliz e despreocupado. Já tua aflição, me aflinge, mesmo não parecendo que eu seja tão leal ou fiel como fora outrora.



Se por um acaso nos toparmos, não esqueça de me convidar pra tomar um café, ou comer um livro. Não me acanho mais perto de ti. Não tive medo na primeira hora, por que o teria agora?



Por acaso, no caso de nos toparmos, lembre-se de não me conhecer.

quinta-feira, junho 14, 2007

O não-sentido hoje, é pra você



Olhando pra figuras distorcidas em suas formas originais, presas nas paredes, figuro-as de modo que se movam. De faces escondidas, vejo os olhos que me seguem. Hoje escrevo pra você, meu modo preferido de tratamento, porque o tu fica pra depois. Fica no papinho de meio-fio, na risada frouxa, ou ainda, no meu pensamento de proibição.

Estou me proibindo neste exato momento de pensar em ver você, ou de pensar em encerrar o nosso caso que ainda não começou. Chegam turbilhões de risadas na boca agora mesmo. Sua face me faz lembrar do sorriso que você me deu.

As folhas, secas folhas do outono, já estão terminando de cair, e o resguardo do inverno virá austero. Farei o mesmo. Fico de prontidão aos meus passos, mas não aos meus cuidados em relação a você.

A minhoca Druba


Era uma vez uma minhoca que se chamava Druba.
Druba era muito feliz. Druba ria.
Druba corria pelo subsolo. Druba até amava o mundo.
Então, vieram os homens maus e jogaram druba na superfície do deserto. Druba ficou triste. Druba quis morrer.
Mas Druba cantou. Druba não queria morrer. Druba se tornou criança denovo. E criança sábia.
Druba foi ela sempre. Dubra secou.
Os homens maus destruíram a casa de Druba, e mataram a família de Druba. Mas Druba, sobreviveu.
Druba mais ainda, agora, entristeceu. Druba não aguentou...
E morreu.

quarta-feira, junho 13, 2007

Via

Te vejo passando na estradinha curta, estreita e cheia de pessoas. Chamam ela de via; via pública, se não me engano.
Há dias que troquei a minha primeira via da carteira de motorista, e há horas que não te via. Tua presença distante, está configurando, agora mesmo na minha mente, uma sensação conturbada. Uma presença imaginária. Uma situação, idade, século, hora! Tudo imaginário.

Te vejo entrando na casa de aviamentos, te vejo saindo toda avoada. Então o vento que soprou com força até derrubar suas coisas naquela estreita via, e ninguém te ajudou. Pelo contrário, pisaram nos seus aviamentos e nem te olharam a face. Enquanto vias aquilo pavorosa.

Mas eu!, eu te olho. De longe, como já disse em outra situação. Em outra estação. Em outra Terra. Em outra pessoa. Em outra Via Láctea


Beijo, se cuida e até depois.
(completamente fictício e sem imagens agora)

terça-feira, junho 12, 2007

O Corpo

Ainda tão novo por sobre a terra úmida e humilde, que apodreceu por vontades vermicídas dentro de tão pouco tempo. Não pode mais mover-se.




A alma tão jovem, aprisionada por seu próprios pecados da carne, não é mais um castigo, é um dogma. Dogma esse que prende e que mata aos poucos.


Doença... ?


Os olhos ainda fechados, abrem as janelas da mente. As secreções visuais impedem que veja o horror, os crocodilos e os vermes. A boca serve pra ser cobra e pra berrar o não-sentido a todo instante...










...





Corpo podre, alma nova. Sentido abstrato, que não traz nada além de uma fusão de jóias e correntes, que não se chocam e nem prendem a vida.Que por mais que sofra ainda flui. Ainda emerge.

É tão livre e belo o movimento que não preciso descrever nada sobre, apenas necessita-se do olhar e da cautela.
Por pequenos visores, as perspectivas se multiplicam por mil. Agora, que te soltastes, és livre pra que voes...


...

O corpo, aprendeu, a abrigar as almas em harmonia, e agora vive úmido e humilde. Sendo apodrecido por atitudes vermicídas...

Imagens por José Marafona

Não existe

Simplesmente porque não quero.
Até porque não posso.
Ou seria impossível, porque espero.
Porquê, não quero poder parecer possesso.
Deveria ser mais fácil dizer o porquê.
Do que perguntar porquê.
Não existe porque eu eternizei
Aquilo que um dia pensei que fosse estranho, porque não era.
Porque pensei, parei.

Parei.

segunda-feira, junho 11, 2007

Eles não cantam no inverno



Eles não cantam no inverno, mas aqui dentro, todas as manhãs, como se soasse o som de um sino ou de um despertador, eles cantam, gritam muito.
No inverno é silêncio, no verão é intenso.
Poderia ser de várias formas, tamanhos e cores. Mas as ondas na minha cabeça, são de uma só. Ou melhor, de alguns só.
De alguns tons, de alguns ruídos, de alguns pássaros, de alguns chiados, de alguns.
Dou o "play" pra começar a ouvir, o "pause", carregar. A espera com o fim maravilhoso, me fez esperar.
Poderia ser a minha preferida canção...
Eles não cantam no inverno. Mas os dias se aquecem aqui dentro.

quinta-feira, junho 07, 2007

Não quero me deixar levar pelas ondas de agora. Muito menos se forem as ondas daquela praia distante, onde criaram-se tribos distintas e tradições ocultas, ao cair do sol.


Nunca pensei também, em ser mais ou menos perto do tamanho de um grão de areia. Quis até, chegar mais perto de uma gota d'água, que por si só é densa.





Antes fora o momento exato pra que eu soubesse separar o mundo.

Separar a terra do mar, o mar da terra, a terra do homem e o homem da terra. Não fazemos mais parte desse conteúdo gélido e morto.
As amarras todas prendem-se a mim. E aonde, aonde estou?!

quarta-feira, junho 06, 2007

Nas mãos.

Esse meio indeterminado de me dizer o que serve ou o que não serve me leva a perceber que minhas analogias rodeiam, rodeiam e rodeiam. Mas acabam entrando num meio, do qual não saem. Ficam tontas com todos os retoques e com todos os detalhes. Talvez porque sua capacidade de absorção seja tão menor de que pensou-se em outrora.



Bem, se fosse impossível dizer a mim mesmo que o tempo corre, diria. Diria para o tempo congelar e ficar assim, inerte, para todo o sempre. Ou para sempre quando eu quiser. Não quero culpar o trabalho e os calos pelas dores do tempo. Mas quero culpar o tempo que me presenteou com as dores e com a culpa do remorso.

A angústia ainda tão pouco vivida habitava de uma forma na alma da concha, que a casa perdia as suas poucas estruturas.

A posição das mãos em cura não se parece com o que um dia pensei em pensar que fosse possível chegar a tal pensamento conclusivo.



Os meios de análise falharam. E meu amor caiu por terra, no chão da estrada.

No tempo. No vento. No canto. No valo. No ralo. No fundo. No vazio. No estático. No parado. No intenso. No inerte. No tranquilo. No coração. No peito.



E as mãos trouxeram-no até onde seria mais prevísivel dentro da analogia construída com o tempo. Na dor. Na espera. Na frustração. Na angústia. Na felicidade. Na calmaria. Na tempestade. Na alma. Na concha. Na hora. Na cama.



Doente e tonto com visões monocromáticas que trazem vertigens aos pobres olhos da razão, que se faz forte e que não figura. E sim, literaliza.


*Imagem por Olga Gouveia

terça-feira, junho 05, 2007

Praça pública


Quero te conhecer por mil anos, mesmo sabendo que te vi há um dia, pra poder dizer o que der na telha e falar as piores besteiras possíveis.

Vou também, buscar palavras sem lógica nenhuma pra explicar uma suposta razão que eu próprio criei pra dizer que tu és uma pessoa assim, ou assado.

Preciso lembrar também que, nesse único dia que te vi, te avaliei por tudo. Pelos gestos, através dos olhares, das poucas falas, das risadas de canto de boca, das palavras soltas que saíram no meio do silêncio e também te avaliei pelo seu jeito de andar. Não olhei pro teu cabelo ou pro teu gosto intelectual. Olhei pra ti. E vi físico e alma.

Agora, como sei de tudo o mais que precisava saber, tiro as minhas próprias conclusões precipitadas a teu respeito e garanto que, minha mensagen subliminar não-dita, vai te tocar no âmago.



Sou um intrometido aos olhos alheios, mas é bem diferente.



Quando vejo passar lá embaixo na praça ou em qualquer outro lugar que seja, eu penso nos tropeços que poderias dar ao subir este ou aquele degrau. Imagino também que o amor de tua vida chegará e te beijará de imediato, me tirando as emoções e arrebatando-as às ruas.

A praça pública da tua vida é pra mim o que eu queria ver todos os dias. E vejo tua sombra diferente, todos os dias, correndo por lá. Mas não calculo as horas, os dias e muito menos os anos que passei olhando por esta varanda para a rua, que sempre me foi tão atrativa.



Oras, seria possível eu te dar um elogio mesmo nunca te vendo?

Claro que seria, afinal de contas, o meu poder de mentira (ou poderia chamar de criatividade?), é muito maior do que eu imagino.
E tu irias se deixar levar na hora pela amizade forjada em um segundo.

Me enganaria depois, e iria, com certeza cair em desespero súbito, por pensar que enganei a ti e a mim mesmo.

Mas agora que já te desvendei pela metade, é meio caminho andado até a praça pública. Lá onde a tua imagem se esconde e te transformas no que queria deixar de ver.
Foto por Olga Gouveia

Contrário ao estivesse se como.


,explicar se pra loucas coisas São
.um cada de entendimento do fugindo acaba e
lama de ser parecem palavras Minhas
acabo eu e
.pensamentos próprios meus dos sentido o completamente perdendo


.parar em então Penso
.busca uma de precisa ainda talvez que aquilo mim em perder Deixar
.saiba não e contrário ao tudo pensando esteja eu Talvez




.aritneM




segunda-feira, junho 04, 2007

A tentativa.


No primeiro momento foi como se tudo sumisse e o que restasse fosse...
Não restou.



Tentativa inicial.
Clamar as dores não compartilhadas para os ventos que não estão soprando hoje.

Tentativa dois.
Calcular as hipóteses, somando-as com as ações para que de modo estranho, encontre a razão.

Tentativa três.
Sair do medo e partir em busca da coragem mais racional possível para que ultrapasse as barreiras que prendem aqui.

Tentativa final.
Ingestão de dores, de estresse, de calúnias, de blasfêmias e de pouco amor, ou de amor sem doses. Overdose de existência. Quase inércia eterna.



Conclusão do processo: Falho; e constatou que não era o que queria.


Imagem por Olga Gouveia.

sexta-feira, junho 01, 2007

...?

Da mais doce inspiração foi possível absorver o mais doloroso gesto não-concreto. Mas de sentido completo. E se teu amor não fosse mais que senão uma pequena pena que não pesa em meus ombros, mas que apenas me suaviza e me faz sentir que teu olhar inexpressivo ou o teu não-olhar é tão pesado que me faz cair.

Que sensação de mar é essa em teus ouvidos? Não escutas o som da alma e enlouquecestes com o mexer das águas, devido ao ritmo constante do mesmo.



Todas as tuas explicações levaram o que somos direto a um poço, um poço com luz. A fraqueza nos fortaleceu e o paradoxo, eterno paradoxo toma conta de tuas almas e te transforma em vários pseudônimos inconstantes e indecifráveis.



Se vistes o que tuas pequenas palavras proporcionam, verias que não é mais um corpo, e sentirias finalmente que esta carcaça que está a pesar por sobre a terra tem algum próposito, algum fim.



Por mais que teus passos ritmados vão e voltem, te desconheço a cada instante. Tuas imagens não são pra mim como um reflexo de teus pensamentos, porque não desvendo o que pensas. Mas se fosse possível te sentir, serias tão gélido quanto o gelo, e ao meu toque derreterias.

Serás aquilo que definires ser. Terás o quiseres ter. E ao mesmo tempo não terás nada, almejando sempre mais...





?