terça-feira, junho 07, 2011

Se houvesse no mundo alma
que fosse capaz de entender
em que entrebeiras caminha meu rumo,
pegaria forte nesse apoio
até a caminhada ser suficiente
e cansar.

segunda-feira, junho 06, 2011

Aonde deito

Apenas queremos sentir uma fluidez mais nítida, que permita esse contínuo do tempo, essa onda que transporta. A vida que dói, amedronta e então nos chama para comemorar o todo, de bom, que possa haver.

Não há como negar o desejo, é mais forte que o próprio impulso. Vitalmente, basta estar vivo mas além do que o corpo sente, mora uma alma, outra coisa habita.
Transpor todos os paradigmas pode ser o rumo, não o alvo.
A quebra os contrói, fortes e renovados. Os filhos do amanhã necessitam de uma parede para quebrar, é preciso seguir uma forma de caminho, tortuoso, titubeante, tímido, todos.

Em Acreditar deita meu espírito, que entende na compreensão da linguagem, o suficiente para abastecer durante o caminho, e enquanto essa beleza for-me ofertada, por que não condicioná-la ao meu cotidiano: passando cada dia como se  fosse qualquer outro, acreditando.

sexta-feira, junho 03, 2011

Tentativa

Olhava todos aqueles, em pé dentro do ônibus, motoristas e cobradores, homens e uma mulher que falavam sobre as coisas que periciavam da vida. Enquanto isso, era só o caminho. Não era desconfortável representar nem a compania nem a si próprios. Iluminados pelo sol mais quente do dia, no meio do ônibus, obstruíam quem subia e descia: de detalhes como esses, todos os faziam presentes. Nenhum olhar recuava porque os pares jogavam. Esvaziou-se o espaço depois de uma longa risada em grupo concordando sobre as dificuldades da vida. E desceram, dando fluxo a velocidade das ações.

Ficou uma mulher, anônima, representando a si própria toda imersa naquela energia que contemplava o vazio. Com um sorriso esforçado, que se confundia com uma linha de expressão rotineira e com uma tentativa de dizer o que achava incrível nas conquistas detalhadas pelo caminho. Mas não obteve resposta: dava-me as costas, não sentiu o quanto a notava.