sábado, fevereiro 14, 2009

Tons

Não há música, mas há som. Não há abraço, mas há uma força que me repele ao encolhimento. Encolhimento do que sou, organizado dentro de mim. Uma força de dois que agora só sai de um. Um território de tragédia. É o corpo. O corpo. Quero sim repetir. O corpo o amor os dois o casal a união: nada disso é. Inventa-se o que se quer. Exausto meu corpo: só explora uma criação que não se compreende. Não se compreende. Rosado meu rosto se encontra diante de um espelho.

Reflexo oxelfeR.

Não há mais o que mostrar. Vaguidão rumando à busca de um sentido. Tentativa: isso que se torna erro programado dentro de uma questão de segundos; onde encontra-se a sensibilidade tangível aos teus lábios? já que tudo agora, no auge dos dias, é sempre tão previsível. Me assistes enquanto eu te vejo, eu sofrendo em qualquer trajeto do meu dia. Seja com sol no rosto ou com lágrimas nas mãos.
Aqueles dias se foram, o inverno hoje queima o corpo de agonia. Só a solidão da madrugada perigosa é que dá o tom do existir: o coração que palpita o tempo todo enquanto o escuto com destreza. Para quê diabos música se tenho coração?: batida cabível as minhas necessidades quando não há ninguém.
Peito: gelo. Mão: calo. Boca: silêncio.
Impressão ruim;fluxo fluxo. Congelado dentro de mim. Regojitando. Dando o tom da modernidade. Agressiva enquanto pode, porque não há mais sentido em contemplar a ruína, agora tão perceptível, dos nossos.

De tanto que se amam, morrem no final. E percebem que não são os dois, mas sim quem são os dois que machucam tudo. Não precisam deles próprios. Amam-se à distância. Com poucas palavras dão o tom do que é o amor.

domingo, fevereiro 08, 2009

O que não se vê

Imperceptível aos olhos da compreensão e trancafiado numa memória. O que tudo tornou-se. Agora ando nestes cômodos com olhos vazios, o sentido pulsa nas paredes mas não na carne.
Faço parte íntegra desse espaço vazio, renegando a evolução hipócrita desse espírito; que por incrível, parece-me sujo.
Sujo de escuro, torna-se cego. E minhas mão tão pouco calejadas fraquejam na premissa de ir até teu posto e pousar sobre teu corpo.

As lágrimas são o veneno que sorvo,mas não só. Só estou como sempre; a tristeza é expansão exata desse lirismo fraco. Trancafiado num frasco. Posso vaguear e devanear até encontrar qualquer resposta longe da tua lembrança, porque longe de meu corpo, minha razão é o que basta.

E dessa expressão de fraqueza - a qual denomino força- surge o inesperado: o desejo de condensar-se à tua palavra, a tua queda disfarçada de ascensão.
Tentar, entender, por via de dúvidas, compreender. A dificuldade de minhas forças encontra-se na facilidade de teus movimentos.
É por isso que fico só; do outro lado há quem viva, quem pulse ao som do meu respirar.
E galgo degraus, invisível, indo atrás da sombra que me refresca o corpo e me alenta a alma;