sexta-feira, abril 27, 2012

Transborda-dor

É como qualquer homem faria
da dor gélida da noite
ao calor vivo do dia.

Vou bater com meu açoite
e ouvir-te dizer
"Não me judia!"
No calor tenro desse prazer
tua face a desfalecer
em dor e agonia.

Só não tem porquê negar
resistir a energia
das forças desse meu apertar
o teu corpo que havia
queimado o dorso o torso
a vontade de matar
o gozo o rosto.

É intenso desejo, largo
almejo, que não esvazia.

Planamente pleno

Hoje se tenho um plano
é preciso colocar na cabeça
ser mais humano.

O que que eu
tenho aqui enquanto
dimensão? O que vocês
acham então?

Estou ficando louco,
Justo, um pouco.

Vou abrir o compasso
caminhar mais um momento
E daí eu faço isso aqui ó:
Certo, aos poucos penso,
onde estão os alinhamentos?

Feira

As sombras à tenda

As gramas
Ele traz-me oferenda
Diz que me ama.

E de certo modo alheio
Vejo os lados
noto o meio

Mas não encontro
nem reflito
Fico quieto

Se quer transmito.

Dos odores

eu feço cheiro
forte que me invade
a pele, o porte

segunda-feira, abril 09, 2012

É costume [sabemos]

Às vezes, meu amigo
te acompanhar dá no mesmo
que ficar sozinho
e pra não ficar a esmo
continuo comigo.

Pois teus olhos pesam
com o simples discordar
Tuas ideias se fecham
Vais embora -
Barulhento e mudo pesar.

Tua pressa ignora
os arredores; quando te
magoas, constróis um muro
de pedras piores.

O que me fica disso
é uma tristeza fraterna
Porque só percebo que não
consigo
Ajudar nessa dor eterna.

Por mais que não tenha comigo
é assim que me sinto
(pois teu amigo):
me frustro com tua falência
E nisso não minto
porque em grandeza repousa  a essência
E sabes que podes ser, o sinto.

sábado, abril 07, 2012

Crescendo

Aqui estou, imerso
Só não posso achar
que vivo o inverso
do difícil que é acostumar-
se o dia-dia que não deixa
                   [espaço a
Não ser o que corre.

A leveza da casa
atenua o tempo que morre
o presente queima em leve brasa
ausente na teima
Sou crescente latência.

De voz tenra se enche a sala
Todo fim tem seu surpreendente
Crescendo
Toda hora acaba a fala
esse silêncio presente
Eu sendo.

Espaço de agora
eterno de presença
Os tempos são a demora
da busca que aumenta.

Do ser

É isso só pode
Inteligência e candura
Nesses meios nasce um ode
À luz que mostra a fundura

Do sentimento que achei
Ser opaco
pois aos tantos pensei
Sou fraco.

Então desisti de fugir
Sorri largo pro agora
Deixei a porta se abrir.

Mas ainda não entras
Pois sou eu quem saio
Pra longe das tormentas:
No teu abraço meu desmaio.

A certeza

Chico só podia estar certo
Pois que de memorialista
como disse em entrevista
não sobra resto.


Mas de assombroso peso se livra
O desenfrear da própria língua
Que muda, grita lambe usa
Códigos que ninguém decifra.

É chegado um momento
Um partir
Isso é nada mais que um invento
um em mim a ruir.

segunda-feira, abril 02, 2012

emita emito

Aos poucos sinto algo que falta
Estão soltos os braços envolta
De teu corpo que me aquece
Quente e calmo - doce.
Não sinto como se não fosse
Além do que acontece.

O calor tenro da voz
Que baixo volume emite
Uma fala quase muda.
Às vezes te peço que repite
Mais perto dessa orelha surda.

Boca das palavras densas
Horas da noite que conduz-se tensa,
A dor do afoite que se torna a fala
Depois de doer, alivia e compensa,
Os sentidos emanam na sala
Imersos em alegria imensa.