segunda-feira, março 26, 2012

Dá cá logo bom dia

"Ainda que eu acorde com o quarto invadido pelas sombras dos meus pensamentos, abro os olhos e adentram-me as centelhas da tua luz, que afastam esse mal desconhecido, que anunciam o raiar de novas ideias, o erguer-se de um novo homem, o anúncio de um amanhecer dos dias em que quero estar ao teu lado, lançando-te mil das minhas palavras ao vento para que todos saibam que sou teu e quero-te por inteiro sem dominanças arrogantes e crises de posse.
És meu tesouro guardado, meu amor, te protejo até em sonhos; te guardo antes de dormir e te prezo logo ao acordar".

quinta-feira, março 22, 2012

Um sentido fértil

Andei tão rápido pra longe do machucado que me foi saber que era hora de parar, que já estou aqui e mal havia dado-me conta. Pois simplesmente os dias passam e assomam-se a percepção de que nada disso adianta ou é suficiente, a contagem, essa linha.
Se esse coração bate assim integrado, homogêneo, é porque não bate só. A percepção de um não é a do todo mas sabido, entendido e aceito, é  a presença dum uníssono ecoando entre o espaço.

Há uma formiga nas minhas folhas, dando um sentido fértil para minhas palavras como um solo inerte.
As que pedem comida e que recolhem, que me sobem as pernas e picam e mordem
em momentos que noto, sinto que pareço: carrego coisas
coloco-as em ordem
e já é um recomeço.

segunda-feira, março 19, 2012

Tarifado

E paga-se, caro,o suficiente pra
esperar que não se reclame.
Na verdade é mentira, pouco custa
Mas na míngua, parece loucura.
Gosto de te pedir que me chame
porque paro, percebo e noto
                                     [o instante.

Já é rápido, não é fácil
Ficar focado
                   Não se chocar.

Pois que, mais uma vez
com Ø Sol queimando a tez
Fecho os olhos à luz
Sigo no invisível, o caminho que me
                           [conduz.

Apartar o pensamento de uma coisa; os olhos de um objeto.

Esse nó que não se desata
essa dor que não se aparta
E minha emoção não disfarça
[pois
As coisas tremem,
todos veem, vivendo na praça
até se estiver entre estranhos

arrumando com estanho
os machucados que não se saram
os afagos que não se calam
e eu suspiro num grito
e repito e repito
as mesmas coisas
no mesmo ouvido

e não me dá nada
nem medo nem desgraça
nem dor nem torpor
só sofro e me alegro
com essas fontes que jorram
incessantes
nosso amor.

quarta-feira, março 14, 2012

Ao dia de quem

Hoje é dia da poesia 
e não escrevi nenhum poema
meu medo é a heresia
de não encontrar fonema
que combine
com as palavras
que quero que culminem
mal-acabadas
no final desse poema.

Estado

Há uma lacuna
Lacônica, pois silêncio, 
icônica, pois sozinha.

quinta-feira, março 08, 2012

[Eu também]

Queria que soubestes que
estás tão dentro de mim
que quando preciso fazer com que
As coisas parem,
                          você para também.

Nos intervalos, os olhos fechados
descansas dentro de meu peito
                              [ inflado
Porque enquanto caminho
Te clamo, ao longo, sozinho.
E ainda não chega a hora
essa que torço pela demora
que vai te levar longe, distante
Num tal dum horizonte aqui perto
que se fará dos instantes
em que não estive só, no deserto
                            [ estavas perto.