sexta-feira, julho 27, 2012

Faísca

Olhar na escura altura,
fundo horizonte
mas no antes
notar que a faísca fulgura
e que da chaminé pula
ardentes cintilantes
aos montes.

Checando, parado
olho o instante
para dizer que faísca o que é
esse avermelhado
da madeira quente subindo a lata
que toda velha casa aquece.

Quente mesmo é chegar na hora exata
esse detalhe que acontece.

quarta-feira, julho 18, 2012

-

Não sei o que lhe dizer
mas te vou dizer que
dizer eu não sei o quê:
nada a me parecer

pois que nada me ocorre
em dizer apenas
de amor ou dor,
coisa que nunca morre

fraco sopro desse poema
faísca, lúdico torpor
que pelo lábio me escorre
ao emanar fonema

se me fraquejo, sobejo
amor maior que o meu
almejo

não vejo problema
no amor teu.

terça-feira, julho 10, 2012

Vindouro

Nunca haverá o dia
Em que me causará arrepio
Ouvir essa pífia poesia
No alvorecer dum dia frio.

Enigmático o que trazias
Palavras em flores
Bem trajadas alegorias
Mas se é com aplausos e dores
Que alimentas tua morada
Não esperas que eu tenha pudores
Para dizeres que és o mesmo que nada.

Teu solo tem de ser limpo e puro
E que te calces sincero
Não te escondas atrás dum muro
Desprezando e sendo austero.

De tudo que sabemos
Dos teus poucos passos
Curto caminho o que vemos
Andar sozinho não é fracasso
No futuro do acaso
                             [nos juntaremos.

quarta-feira, julho 04, 2012

Entre meios

Não convém e nem sente
não faz e desmente
com verdade alguma em loucura
aprofunda-se às funduras
de si como se em partida
estivesse indo e voltasse
pra onde jamais estive
sólido, petrífico
incólume austero.

Imperfeito em si, espero
do repente luzir
repleto
de mágica lucidez
atônito e perplexo
por dissolver a acidez
da rubra palavra
que crua me lavra
do fundo do peito
ao olhar dum sujeito
que nem aqui está.

De querências e sossegos
queria estar em desapego
pairar no céu e flutuar.