sábado, maio 10, 2008

O efeito do reflexo.

- Estou vendo mais que qualquer coisa. E sentindo melhor também. Quando sozinho aprendo a apertar sem pressa minhas mãos, tenho tempo de me conhecer. Medo de me conhecer é comum;ninguém quer a auto-destruição. Estou ali, parado, e todos vêm. Não porque me querem e nem porque convém, é simples acompanhar alguém. A dedicação a mim situa-se a dois. Dois passos de distância para que meus braços possam envolver e que lhe permitam respirar. Quando lhe sufoco, sinto a dor do silêncio. Pressionado fortemente minhas mãos. E meu medo.


Sem importar-se, deitou-se e adormeceu. A confissão dos sentidos, por mais confusos que fossem, era a única segurança para um casal feito de um. Um corpo pensando por dois. Por dois defeitos, por dois beijos, por duas horas, por dois olhares. A claridade não o espantava já que adentrava à luz.

De olhos cerrados "sente que o amanhã demora pra vir e que hoje parece não acabar. Senta-se ao lado do espelho e se olha pondo-se a chorar".