sábado, janeiro 31, 2009

Estrada direto para o teu lado

É nessa distância silenciosa que o corpo paira, sôfrego; indo de encontro a braços de veludo, de leveza imensurável.

Esse destino que se choca ao meu lado torna-se passado; a vida plena agora é papel rasgado.
E mesmo assim o amor jorra do meu peito, sem sentir o coração palpitar. Só a roupa esquentando a carne.

Meu sentimento é tão tocável quanto aquilo que nunca senti. Te escondas em mim, para sentir que nosso destino longínquo e fardo prazeroso, que no fundo, não queremos, jamais, soltar!

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Um trecho ao extenso

Quando a tua consciência atravessa a cidade, lembras de mim.
E assim que repousas, o surreal te abraça. Lembras de mim.
O meu pensamento estraçalha o que és; me guardas no ar mas lembras de mim.
A memória desse dia é sopro pra aí.
Lembras de mim?

sábado, janeiro 24, 2009

A Voz e O Surdo

As sensações o fazem viver de passado, e o frio que fazia lhe presenteava com lágrimas nos olhos. De amor estava morrendo e nascia, em seguida, cheio de uma curiosidade carnal.
Sua boca não guardava palavras: ele sempre fora um péssimo túmulo para si próprio. Portanto, sua solidão transfere-se a mim. Torno-me o que sou, e neste movimento da barca, meus pés se molham. É água nova. A amizade firmou-se e agora é alicerce valioso, a fuga desejada e o conhecimento necessário estão perto do que às vezes quer-se longe. Não pode ser tão simples compreender o que o frio faz com a pele dos homens: nele reside a saudade e o calor de um abraço.
O solitário fala consigo: a isso chamo paciência; porque homem, como animal consciente, não anda sozinho por muito tempo. E não, renego-me a aceitar a solidão como precedente da doença. Todo alarme e toda a precaução só existem pela doença, e as almas livres que experimentam a cura por puro gozo, são sempre as que mais sofrem. E meu sofrimento torna-se o dele.
Sua boca já tão seca ainda revela muito, porque o cansaço escorrendo pelo corpo é um alerta fatal de que ele, em vida, torna-se moribundo. A cada dia que passa. Não é forte para determinar um espaço, mas o choro no vazio de sua casa delimita, com carinho amargo, cada pedaço de seu corpo. O que o pertence além de si próprio e algumas quinquilharias? O som de sua própria voz já o torna surdo, e o véu sombrio da cegueira já não o permite ver que a verdade sempre se manteve a poucos passos. E é nessa distância que eu me encontro. Perdido, mesmo parado; esperando toque desse deslocado à minha frente. Meus ouvidos aguentam tão estridentes gritos, meus olhos vêm tamanha moral destruidora; e meu corpo, cheio de vagas virtudes, nos liberta. Sou tão dele, que fico dando saltos entre uma alma e outra.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

A volta

Aquele coelho, que mais parece gato, em cima da mesinha é prova que o real ainda é palpável. E de que o sentir, é hoje, nada mais que só significado. Significado perdido na trava da minha língua, encadeado no fio do meu cabelo. Raspado pelo tempo as coisas seguem, com a lógica de que são sempre libertas pela inconsciência da arte. Da arte da comédia que grita por espaço, do teatro, ABSURDO, que chega como bomba.
Essa mesa é informada, calma e precisada de carinho. O que falta aqui É espaço pra se abrir um caminho que leve á liberdade da informação sem os dogmas do moralismo. Ismo é a doença da palavra, a precedência da enfermidade.

O livro aberto e fechado, aberto e fechado, ao lado da cama é o campo de criação. Troca de artistas. Dizem que é coisa de homem. ELE está, à vontade, só de cuecas, no escuro. NARRANDO QUALQUER COISA. Mas a trilha sonora do - eu te amo- não carece de resposta. É bonito, silencioso e distante.
Que sirva de alento para o momento, porque o compromisso de não magoar mais é resposta certa; no desfecho de qualquer novo projeto. Seis, na verdade. Seis, numa contagem que poderia ser longínqua se não fosse a barreira que não faz questão de se deixar ser transposta.
Esse novo acordo da língua, não altera o sotaque. O livro na hora do banheiro vai ter o mesmo sentindo com ou sem hífen. O pós moderno assusta a contemporaneidade. Olha-se para o passado para se entender o futuro. Essa mesa nunca foi tão mal informada. Essa conta de energia está tão apagada.

A intensidade da obra, leia-se do momento, é a imaginação da fala. Pensas, aí de longe, que isso não é uma posse. Isso é empréstimo efêmero. Sem subjetividade. O grito da tua palavra, suja com qualquer coisa do sexo, torna inimigo aquele que sai às ruas para viver o irreal.