Naquela sala enorme, de portas amplas a um jardim verde e simples, mas etéreo, as palavras fluem. De uma cadeira confortável, onde a música tocável embala o pensamento à plenitude dos sentidos:
Pega a caneca com chocolate, acaricia-a de leve com a ponta dos dedos.
- Não é mais o mundo que irá te guiar depois que eu surgir, sabes disso. Sabes que o impacto que causo sobre teu corpo é mais forte do que teu espírito que julgas ser poderoso. Sabes da universalidade de meus gestos, e da supremacia de meus sentimentos sobre teu coração. E que presente mais glorioso do que a consciência de um sumo real. Não há. És o meu trunfo, assim como ainda sou o teu. E sempre hei de ser. Porque plenamente, em mim, reside o sentimento de tudo ao teu redor, torna-se palpável. E todas as palvras que digo, direcionam-me a ti. E o ciclo que isso exerce, me confunde, tornando o que somos, plurais e extremos, em um único prensado de tudo. Dos pensamentos que te fervem a cabeça, da moral que te espanta, da liberdade que te reprime, do amor que nos amedronta e nos assusta.
Dobra os dedos da mão, enquanto encosta-os no joelho.
- E se a sabedoria é o estopim disso tudo, saiba que o amor é o fim. A explosão que nos corrói. A mensagem que sempre tentarás decifrar. Os motivos de uma trajetória são sempre os que julgamos bons, mesmo que não o sejam, e desta vez sabes que andar ao meu lado só pode guiar-nos ao entendimento mútuo e pra longe da solidão. Mesmo no vazio de nossas consolações, não estamos sós. Pois sabemos de nossos lugares, em nós.
Abraçam-se, beijam-se, com a esperança e vontade do para sempre, que os prende no medo do nunca.