sábado, dezembro 15, 2007

Vôo

Estive pensando sobre os lirismos que envolvem o depois e os seus conceitos pouco prováveis.Desconheci por completo o sentido dos pensamentos e das idéias. Me lembro apenas de um dia. E de algo. Sinto o ar abaixo e o nada acima. Atrás, logicamente, o passado. À frente, o fruto do agora.

Estive gritando às paredes os meus segredos mais profundos. Desenhei alguns olhos para não me sentir só. Precisava de algo que voasse comigo... Que ficasse comigo. Não tenho nem notícias, nem certezas e muito menos, verdades.Durmo com uma coberta de dúvidas que me banha todas as manhãs depois de sonhos febris.

Estive acordado. Planejando sonhar.

Estive livre.

Estive junto.

Estive só.

Estive, estive... para estar.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Pecado Incompleto

SINTO tão perto de mim a vibração do ar que sai quente na tua boca. Como se falássemos bem de perto.
Bom é saber que há um fio, invísivel, que nos une e que é interminável. Onde quer que estejamos, lá estará. Mas não é o fio que importa; o que importa é justamente a não-importância que damos a esse fio que ignoramos que existe.
Essa loucura de não ter começo e de se planejar um fim; essa vergonha que me castiga todas as noites depois de um dia de pecados mortais imaginados.
Amor que me prende em pensamento e torna meus sonhos mais febris, quando o que quero, é apenas um delírio lúdico.

Preciso. Tenho que precisar.
Dessa leveza que te envolve.

Um golpe teu não deve pesar mais que uma gota d'água. Para o meu corpo pequeno, um carinho; para minha mente insólita, um assombro.
Guia-me no desencontro, pois não traço meus dias sozinho.
Encontra-me em ti, porque já não há mais formas de me esconder.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Glória

ELA ACORDOU. Mas o fato de ter acordado não revelava que estava presente. Ainda estava em seu sonho, seu dócil e amável sonho. Os sonhos eram a única forma de fazer com que as coisas continuassem vivas e acontecendo em qualquer hora ou lugar.
Sonhava com seu sonho realizável, que não tornava-se real por causa da distância. E a distância fazia com que sonhasse tanto, mas tanto, para que tivesse sua falsa concretização mais perto. O sonho era o fim de uma estrada que parecia interminável mas possível de caminhar. Era o que mantinha seus olhos fechados sob o azul do céu e sobre o negro da mente. Era o escape da realidade que a fazia criar o possível, o que ela sustentava sozinha todos os dias. Uma fuga. Assustadora, mas com o intuito de encontrar do que se foge...



Acordou e a consciência de um novo desencontro e da distância tomaram conta de seus pensamentos tão pouco humanos. E o seu amor por olhos fará com que os seus se fechem para poder procurar no escuro o brilho distante daquilo que busca, em sonhos.