quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Meus olhos 'inda apaixonados
Querem, de longe, te ver
E todos os precisos cuidados
Relembrando pra esquecer.

A tua figura não existe,
Nenhum vulto a passar.
Só esse amor que persiste
sentado, às arvores, a te esperar.

Não és como a barca, que passou
tampouco o futuro que não veio,
'inda junto cacos do que restou,
tua ausência tornada entremeio.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Está chorando lá fora
Posso chover aqui dentro.
A cigarra sai de si.
E tal qual, a secura na árvore - a casca seca.
Fixado calor da secura, aos poucos, saio.
O que é isso de viver um luto da coisa viva? Que morte é essa que não há morto?
Só a presença fenece na longitude dos dias e, em cores densas, a realidade de agora, rumorosa relembra o espaço movido pelo singelo andar dos passos.
A sombra d'antes (pedante) se torna vulto no resoluto abstrato do meu silêncio. Aqui, algo existe vivendo tua morte em meus dias.
A noite toda sofro, tendo que ouvir(ver) sobre o interessante intervalo das ausências.
Imagens fugídias
Silhuetas movimentam-se.

A confundida imagem
ingênua do espelho.

Casca grossa da experiência
as cenas que jorram sentir,

E pontos, só eu, 'nada más'
A latência dum pulsar
Redundante nutrir-sofrer.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

A numerologia coincidida
com o abstrair da tua figura,
Nossa mútua alma partida
Revolta-se na rasura

De dias que se buscam
sem um norte oferecer
E os truqes que todos usam
pra atenuar o esquecer.

Então encha-me os copos
de um sumo  torpor puro entendimento
rumo, somente, ao alto topo
do lógico pensamento.

Abstral

O tempo ponto do desejo
e o mais fino significado
sublimado na fala de um lampejo
de paralelos desencontrados.

A linha esticada de extremos;
o caminho, não um seguir
todos são os mesmos
na variável maneira de ir.

E tudo-tanto se encontra
a fala e o silêncio sentido
olhando para a coisa, outra:
nem afetado nem atingido.

A primeira pessoa: saio do tempo
e todo reticente, zero ponto.
Do passado sobra o pó
fruto abstrato do pensamento.

Retirar do início o artigo
Desusar a mania desse nutrir
O uso é uso, não é castigo,
há momentos de só querer rir.